quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Bracatinga


        Não existe nada mais rotineiro e desgastante do que pegar ônibus todos os dias é um clico vicioso e exaustivo para as milhares de pessoas que dependem do transporte público, nos grandes centros então é pior ainda.
          Coletivo, buzão, bus, ônibus, lata de sardinha, os nomes são vários, também ele faz parte de nossas vidas e temos o direito de chamar como bem entender, alias foi no ônibus que me veio a idéia deste texto, eles fazem parte da vida e não tem como negar por mais as vezes que não queremos um dia todos ou já precisaram ou vão precisar pegar um.
         A aflição começa é hora de ir para o ponto, chegando lá me deparo com uma fila e logo penso será que vai ter um assento um lugar para descansar depois de um dia de trabalho até o longo caminho de casa, às vezes nem tão longo mais a rotina o deixa maçante e eterno, ai é esperar e ver se dessa vez tem sorte, entro no ônibus se esta  vazio procuro o melhor lugar se esta cheio vale qualquer um nesses casos é como achar um tesouro, quase que uma dádiva para o trabalhador, e ávida pelo meu prêmio vou me apossar do banco.
      Sento, relaxo gosto dos lugares próximo as janelas por mais que a paisagem seja a mesma, sempre tem algo que muda um jardim que floresceu uma fachada que foi pintada uma pichação nova por mais que não se entenda a mensagem que elas queiram passar, gosto da sensação de que tudo muda por mais singelo que possa parecer, durante o trajeto também observo as pessoas que dividem o mesmo espaço muitas vezes ínfimo comigo, na parte da manhã geralmente as pessoas tem uma  melancolia no olhar é como se dissessem mais um dia e eu aqui pegando mais uma vez a mesma linha que me levara a mais um dia de trabalho, geralmente estão preocupadas, deve ser com o horário ou as vezes só torcendo para que o chefe esteja com gripe suína e não vai aparecer para atrapalhar ops trabalhar, na parte da manhã as pessoas estão mais reflexivas e as que estão sentadas estão em sua grande maioria dormindo.
        Na volta o semblante é de cansaço com um certo alivio com aquela cara de ufa acabou vou pra casa, as pessoas falam mais e ai sai cada história a historia de cada um geralmente banalidades mas já vi e ouvi cada coisa como o casal que cheio de amores que de repente tira um exemplar do desodorante avanço não sei se era essa a marca mas o cheiro lembrava muito e começam a beber como se degustasse um drink, posso garantir aquilo foi impactante para mim não tinha um perfuminho melhor pra beber não, ou a menina cantora e compositora que alegra todo mundo e o melhor nos faz nos sentir próximo daqueles estranhos que esta ali do seu lado mas geralmente fingimos não ver é aquele momento de trocas de olhares e cumplicidade ai nos lembramos que não estamos sozinhos com as nossas frustrações, desejos e alegrias.
   E assim vou observando as paisagens e as pessoas durante o percurso de aproximadamente vinte minutos de ida e de volta ai já sabe né, muitas historias tem para se contar acho até que vou fazer uma postagem por semana só sobre as idas e vindas do Bracatinga ou para os mais intimos apenas Braca.

2 comentários:

  1. Parabéns! E já chegou com imensa qualidade... Que texto maravilhoso! (e olha que sou chato com essas coisas). Realmente, quando não desenvolvemos fobias, a contradição: pegar ônibus todos os dias nunca é rotina!

    E o desodorante sendo brindado então! Fantástico!

    Continue escrevendo...

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  2. Lendo os blogs dos meus amigos me dá vontade de retomar a escrita do meu pulverulento blog...
    Parabéns! :D

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